Moradores do Rio de Janeiro enfrentaram um dia de terror nesta terça-feira, em meio a uma operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão. A ação resultou em um grande número de mortos e presos, além de impactar severamente a rotina da população. Milhares de pessoas tiveram dificuldades para retornar às suas casas devido aos bloqueios nas principais vias e aos intensos tiroteios.
As estações de metrô e os pontos de ônibus ficaram superlotados durante a tarde. Segundo informações, criminosos da facção Comando Vermelho teriam ordenado o fechamento de importantes acessos da cidade.
Uma professora, identificada como Marise Flor, relatou ter ficado no meio de um tiroteio ao tentar pegar um ônibus para casa. Seu filho tentou resgatá-la de carro, mas não conseguiu ultrapassar as barricadas. Ela precisou descer na estação Outeiro Santo, na Transolímpica, em Jacarepaguá, devido aos bloqueios.
Segundo seu relato, policiais militares teriam atirado para dispersar os moradores que permaneciam no local. Em meio ao caos, Marise Flor buscou refúgio dentro da estação. “Entrei na estação de volta por baixo da roleta para me esconder dos tiros”, disse. Após tentar sem sucesso utilizar um carro de aplicativo, seu filho conseguiu finalmente buscá-la, e ela chegou em segurança em casa. A professora descreveu a situação como desesperadora, provocando-lhe dores de estômago e uma crise de choro.
Mariana Colbert, atendente de um quiosque de sorvete no Engenho Novo e grávida de quatro meses, contou que as ruas de sua região já estavam bloqueadas desde as 8h30 da manhã. Três ônibus foram utilizados para bloquear a via. No total, mais de cinquenta ônibus foram usados como barricadas em diversos pontos do Rio de Janeiro.
Para conseguir chegar ao trabalho, Mariana teve de caminhar até Inhaúma e pegar um ônibus. O motorista precisou alterar o itinerário para evitar a comunidade dominada pela facção Comando Vermelho, que era o principal alvo da operação policial. “Levei uma hora para chegar ao trabalho, mas ainda consegui chegar. Muita gente não foi trabalhar, muitas lojas ficaram fechadas. Quando deu 16h fui liberada. Peguei um Uber, que estava mais caro, mas consegui chegar rápido em casa. Quando voltei [para casa], a pista já estava liberada e tinha muita polícia nas ruas”, relatou.
A operação mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares nos complexos do Alemão e da Penha, visando capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br