Cientistas brasileiros confirmam o potencial de um exame de sangue para o diagnóstico de Alzheimer, abrindo caminho para um método mais acessível e menos invasivo. As análises apontam a proteína p-tau217 como um biomarcador chave para distinguir, através do exame, indivíduos saudáveis de pessoas com a doença. O objetivo é levar os estudos para o Sistema Único de Saúde (SUS) para uso em larga escala.
Atualmente, o Brasil conta com o exame de líquor (punção lombar) e tomografia para identificar o Alzheimer, além do exame clínico neurológico baseado nos sintomas. O exame de líquor é invasivo, enquanto a tomografia é um exame de imagem de alto custo.
Uma pesquisa, assinada por 23 pesquisadores, incluindo oito brasileiros, analisou mais de 110 estudos sobre o tema com cerca de 30 mil participantes. O estudo confirmou que a p-tau217 no sangue é o biomarcador mais promissor para identificar a doença de Alzheimer.
Os resultados foram obtidos em análises de 59 pacientes e comparados com o exame de líquor, apresentando um alto nível de confiabilidade, acima de 90%, padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O diagnóstico precoce da doença de Alzheimer é considerado um dos principais desafios de saúde pública globalmente. Estima-se que cerca de 1,8 milhão de brasileiros sofrem da doença, com projeções de que esse número triplique até 2050.
O estudo também identificou que a baixa escolaridade parece acentuar a doença, reforçando a hipótese de que fatores socioeconômicos e educacionais impactam no envelhecimento do cérebro.
O exame de sangue já está disponível na rede privada, com testes importados custando até R$ 3,6 mil. O desenvolvimento de uma alternativa nacional e gratuita é crucial para ampliar o acesso ao diagnóstico.
Para que o exame seja incorporado ao SUS, será necessário avaliar seu desempenho e definir a melhor estratégia de implementação. Os resultados definitivos dos estudos estarão disponíveis em cerca de dois anos, e as pesquisas serão iniciadas em pessoas com mais de 55 anos para mapear a prevalência da doença em sua fase pré-clínica.
A pesquisa foi publicada na Molecular Psychiatry, com resultados reforçados em uma revisão internacional no periódico Lancet Neurology.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br