Um mês após a divulgação dos primeiros casos de suspeita de intoxicação por metanol em bebidas, em 26 de setembro, órgãos públicos intensificaram ações de combate à crise. Testagens foram agilizadas, permitindo a confirmação ou descarte rápido de casos suspeitos.
Hospitais de referência foram organizados, inclusive em áreas sem confirmação de contaminação, como em estados das regiões Norte e Centro-Oeste. Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) assumiram a linha de frente na detecção, enquanto vigilância sanitária e polícias atuaram nos locais de venda e consumo.
A investigação apontou a falsificação de bebidas como a causa provável da contaminação, utilizando álcool combustível adulterado com metanol.
Desde o alerta inicial da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), após aviso do Ciatox de Campinas (SP), até a identificação de postos de combustíveis no ABC paulista que vendiam combustível adulterado, se passaram vinte dias. Nesse período, foram registrados 58 casos de contaminação e 15 mortes, a maioria em São Paulo.
Ainda não há confirmação se os casos em outros estados, como Paraná e Pernambuco, estão relacionados aos produtos falsificados na região metropolitana de São Paulo.
O Ciatox já havia associado os casos à ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas, de diferentes tipos, consideradas “fora do padrão” devido à rapidez e atipicidade das intoxicações por metanol.
As ações foram integradas em 7 de outubro, com a criação de um comitê do governo federal. Foi anunciada a distribuição de etanol farmacêutico aos hospitais e a aquisição de um antídoto, o composto fomepizol, para agilizar o tratamento.
O Instituto de Criminalística de São Paulo confirmou que o metanol encontrado nas bebidas contaminadas foi adicionado artificialmente, devido à sua concentração anormal. Um novo protocolo de identificação de bebidas adulteradas foi implementado, diminuindo o tempo de análise.
A atuação integrada permitiu respostas mais rápidas e minimizou o impacto no comércio, com queda de até 5% no consumo em setembro, segundo a Abrasel.
Em 17 de outubro, a Polícia Civil de São Paulo localizou os postos de combustível de onde saiu o produto contaminado, após o caso de um homem internado em estado grave.
As investigações continuam, e universidades desenvolveram soluções rápidas, como o “nariz eletrônico” da UFPE, que identifica a presença de metanol em bebidas.
O último boletim confirmou 58 casos e 15 mortes (nove em São Paulo, seis no Paraná e seis em Pernambuco). Cinquenta casos seguem em investigação e 635 foram descartados.
Na capital paulista, uma CPI investigará os esforços de combate à falsificação de bebidas, e na Câmara dos Deputados, um projeto de lei que torna a adulteração de alimentos e bebidas crime hediondo pode ser votado.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br