O cantor Milton Nascimento, de 82 anos, foi diagnosticado com demência por corpos de Lewy, uma condição neurológica progressiva e incurável. Embora não haja cura, tratamentos medicamentosos podem aliviar os sintomas e retardar o declínio cognitivo associado à doença. A demência por corpos de Lewy é a terceira forma mais comum de demência, ficando atrás do Alzheimer e da demência vascular.
Estudos recentes estimam que a demência afeta entre 12,5% e 17,5% da população idosa no Brasil.
De acordo com um especialista em neurologia, o declínio cognitivo é esperado com o envelhecimento, mas nem sempre indica um quadro demencial. A suspeita surge quando problemas cognitivos, como perda de memória recente ou dificuldade de concentração, começam a interferir na rotina diária, exigindo supervisão de terceiros. A independência é o principal fator que distingue indivíduos com e sem demência.
O diagnóstico preciso requer uma avaliação detalhada, que inclui a observação dos sintomas, testes neuropsicológicos e exames de imagem. Os testes neuropsicológicos avaliam a memória, linguagem e atenção. Exames como a ressonância magnética de crânio ajudam a confirmar a demência e identificar seu tipo específico. Na doença de Alzheimer, por exemplo, a ressonância revela atrofia em áreas cerebrais como os lobos temporais, o que não é observado na demência por corpos de Lewy. A avaliação da dopamina no cérebro também é crucial, pois está alterada na demência por corpos de Lewy, mas não no Alzheimer.
A alteração nos níveis de dopamina explica a presença de sintomas parkinsonianos na demência por corpos de Lewy, como tremores e rigidez muscular. Muitos pacientes diagnosticados com demência por corpos de Lewy já haviam recebido o diagnóstico de Parkinson anteriormente.
Milton Nascimento, inclusive, foi diagnosticado com Parkinson há cerca de dois anos.
Embora as causas da demência ainda não sejam totalmente compreendidas, hábitos de vida saudáveis desempenham um papel importante na prevenção. Exercícios físicos, sono adequado, alimentação equilibrada e estímulo cognitivo ao longo da vida são considerados neuroprotetores. Por outro lado, o consumo de álcool, sedentarismo, hipertensão, diabetes e obesidade podem aumentar o risco de demência.
Um estudo recente da Universidade de São Paulo apontou que cerca de 60% dos casos de demência podem ser atribuídos a fatores modificáveis, reforçando a importância da prevenção.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
