A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades nos descontos de beneficiários do INSS aprovou um pedido de prisão preventiva contra Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). A decisão foi tomada após o depoimento de Lopes à comissão, no qual, segundo o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ele não conseguiu justificar a origem lícita de recursos financeiros transferidos e a regularidade de seus negócios.
O requerimento, de autoria do deputado Gaspar, será agora encaminhado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, para análise. Além da prisão preventiva, o pedido inclui a possibilidade de outras medidas cautelares.
A Conafer é investigada por movimentar grandes volumes de recursos provenientes de descontos realizados em aposentadorias e benefícios de pessoas associadas à entidade. Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) apontam para transferências pulverizadas de valores para diversas pessoas físicas e jurídicas, a maioria ligada a Carlos Roberto, o que, para o relator, configura um possível esquema de lavagem de dinheiro.
Segundo Gaspar, transferências superiores a R$ 140 milhões foram remetidas pela Conafer a pessoas físicas e jurídicas associadas a Cícero Marcelino, assessor de Carlos Roberto. Essas movimentações financeiras, segundo a CPMI, são incompatíveis com o perfil econômico informado e há indícios de que as operações eram supervisionadas por Carlos Roberto.
A CPMI também aprovou a convocação de ex-servidores do INSS para prestar depoimento sobre as fraudes nos descontos de aposentados e pensionistas. Entre os convocados está o ex-procurador-geral da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, afastado do cargo durante a Operação Sem Desconto da Polícia Federal. Sua esposa, Thaisa Hoffmann Jonasson, e sua irmã, Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira, também foram convocadas, devido a indícios de que teriam recebido recursos de empresas ligadas às associações investigadas. As datas dos depoimentos ainda não foram definidas.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br